domingo, 20 de dezembro de 2009

Pedófilo não nasce. Cria-se.

Este é o título da matéria tratada no Blog intitulado Chega de Sofrer Calado do militar Geovanni. Abaixo segue tema da pedofilia tratado por ele de forma simples, mas bastante informativa e esclarecedora.
A prisão de integrantes de uma rede de pedofilia alerta para a dificuldade de traçar um perfil específico para pessoas que sentem atração por crianças.
Na praia, a mãe tira o biquíni da filha para sacudir a areia. A imagem da criança sem roupa passa despercebida pela maioria das pessoas. É vista como uma situação normal, graciosa, encantadora. Para alguém, no entanto, a criança nua pode despertar desejo sexual. Isso está na cabeça de um pedófilo.

Mas não adianta olhar em volta para identificá-lo. Não há um perfil definido. Para a Organização Mundial de Saúde, quem pratica a pedofilia é um adulto com uma desordem mental e de personalidade. Interpretada, também, como um desvio sexual. E isso só se poderá ver na prática, se flagrado. Um pedófilo tem consciência dos seus atos. Sabe que está transgredindo um tabu cultural. Então, procura esconder, disfarçar e dissimular os atos que irão incriminá-lo social e judicialmente. Especialistas apontam que a maioria dos pedófilos é composta por homens.
A sua forma de aproximação das vítimas passa pela tentativa de conquistar confiança. Estratégias como elogios, presentes, levar para passear, oferecer-se aos pais para ficar com seus filhos são comuns. O tratamento para um pedófilo é difícil e longo, por meio de assistência psicológica. A forma de atuar também diverge. Há pedófilos que não fazem contato físico com as vítimas, mesmo que o desejo sexual exista. Neste caso, são pessoas que sentem prazer em olhar para imagens, como fotos e vídeos.
Caso em SC
Existem casos em que o encontro pessoal pode terminar em violência física, sexual ou ameaças. Semana passada, a prisão dos irmãos servidores públicos Celso e Ivan Sérgio Kurtz, na Grande Florianópolis, acusados de participar de uma rede internacional de pedofilia pela internet, realimentou a discussão sobre o que se passa na cabeça de uma pessoa que age assim com crianças e adolescentes. Nas imagens apreendidas pela polícia, haviam cenas chocantes de crianças sofrendo crueldades.
A prisão dos dois fez parte de uma operação nacional contra a pedofilia, que já prendeu 10 pessoas em diversos estados do país.
– Ninguém nasce pedófilo, assim como não se nasce criminoso, um bom pai ou uma pessoa generosa. A história de cada pessoa imprimirá marcas que poderão influenciá-la no percurso de sua vida – opina a doutora e assistente social Catarina Maria Schmickler, pesquisadora da violência sexual contra crianças.
Para a sua tese de doutorado em Serviço Social, defendida pela PUC/SP, Catarina ouviu pais e padrastos que abusaram sexualmente de filhas e enteadas. Todos cumpriam pena da Penitenciária de Florianópolis. A tese foi transformada em livro e publicada pela Editora Argos: O Protagonista do Abuso Sexual: Sua Lógica e Estratégias.
As razões
A psicóloga reconhece que, uma das dificuldades para se identificar um pedófilo – exceto quando flagrado praticando o crime – é que se trata de uma pessoa considerada normal. Na maioria das vezes possui um bom nível educacional, uma rede familiar e social bem constituída, emprego:
– Isso faz com que as pessoas acabem por não levar adiante seja sua intuição ou mesmo observação de algum fato que lhes chamem a atenção. As razões que levam alguém a exercer a pedofilia não são possíveis de ser enumeradas, pois se tratam sempre de circunstâncias muito particulares e que corresponde a histórias de vida.
– O problema da pedofilia não pode ser resolvido coma demarcação de uma tipologia, de um prognóstico e de uma maneira de tratar. É algo da ordem da moral e da ética que se impõe no interior das cenas cotidianas – avalia Mirella Alves de Brito, psicóloga, mestre em antropologia e professora da Univali, em Biguaçu.
Indignação
O delegado Renato Hendges, da Divisão de Anti-Sequestro da Deic e que comandou as investigações que envolveram o caso dos irmãos Kurtz, demonstrou indignação pelo material que foi apreendido e definiu como monstruosidade os atos praticados. Comumente, um pedófilo é chamado de tarado, besta humana, louco, e a ele desejado penas como castração, pena de morte, prisão perpétua.
– Não entendo que seja um comportamento adequado aos nossos modelos de pensar a vida em sociedade e por isso deve ser tratado como tal. Mas para ser reconhecido e tratado como tal precisa ser aceito como um comportamento possível aos humanos – diz a psicóloga.

Fonte: Jornal de Santa Catarina

Nenhum comentário:

Postar um comentário