segunda-feira, 3 de maio de 2010

Docência no Ensino Superior

1. Definição de Docência


A docência historicamente foi entendida como o processo de transmissão de conhecimento feito pelo professor ao aluno. No entanto, com as mudanças vivenciadas no mundo do trabalho e o avanço da tecnologia, o processo de formação dos docentes precisa acompanhar essas transformações ocorridas na sociedade. Nesse sentido, Ferreira apud Libâneo demonstra que a docência está para além do ato de ministrar aulas.

O conceito de docência passa a não se constituir apenas de um ato restrito de ministrar aulas, nesse novo contexto, passa a ser entendida na amplitude do trabalho pedagógico, ou seja, toda atividade educativa desenvolvida em espaços escolares e não-escolares pode-se ter o entendimento de docência. (LIBÂNEO, 2007: 23)

2. História do Ensino Superior no Brasil


Segundo Pietrobon e Côrrea, o Ensino Superior no Brasil surge para atender os interesses da elite proveniente da Família Real. A primeira universidade que prosperou no país foi a Universidade do Rio de Janeiro. Esse espaço não tinha total autonomia para decidir o que fazer dentro da instituição.

Posteriormente, nos anos 1960, as universidades tornam-se centros de mobilização estudantil contra o regime ditatorial instalado no Brasil. Aos poucos, estes centros de formação profisssional foram conquistando seu espaço na sociedade, mudando a forma de trabalhar a educação.

Atualmente, as universidades apresentam como finalidade a permanente construção da crítica sustentada no tripé estabelecido pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional): ensino, pesquisa e extensão. Ou seja, na construção do conhecimento através dos problemas historicamente produzidos, bem como dos resultados de sua aplicação na sociedade e das novas demandas e desafios que esta sociedade apresenta.

Segundo Anastaciou e Pimenta (2002:164), o ensino na universidade constitui um processo de busca, de construção científica e de crítica ao conhecimento produzido. Daí, promover nos alunos e professores a capacidade de reflexão, possibilitando a substituição da mera transmissão de conteúdos por um processo de investigação do conhecimento, de modo que se possa criar e recriar os modos de aprendizagem, dentre outros.

3. O Docente no Ensino Superior


Para analisar o docente no ensino superior nos basearemos em três aspectos: a identidade profissional, as condições de trabalho e as atuais exigências para o exercício da profissão.

Que características são atribuídas quando pensamos no professor? Geralmente, professor é aquele que conhece tudo, vive estudando, que não bebe, não fuma, é aquele que ensina bem o conteúdo. Enfim, várias são as características conferidas a esta categoria profissional.

No entanto, diante das mudanças vivenciadas na sociedade brasileira contemporânea, consoante Anastaciou e Pimenta, o perfil dos professores tem sido modificado, acrescido de cumprir funções de família e de outras instâncias sociais, respondendo a necessidade de afeto dos alunos,trabalhar com horários cada vez mais reduzidos, entre outros.

Nesse contexto, percebemos a presença de uma nova visão na educação: a visão holística. Os alunos devem ser compreendidos não mais intelectualmente, mas em todos os aspectos como o físico, emocional, social e espiritual, por exemplo. Sendo assim, essa visão holística colabora para perceber o aluno como ser integral através de vivências de dinâmicas de grupo, de modo a valorizar as coisas simples da vida por meio dessa relação entre professor-aluno.

Nesse espaço da docência, o profissional possui algumas marcas históricas associadas ao exercício de sua função. Segundo Anastaciou e Pimenta apud Guimarães, algumas dessas marcas são: a desvalorização e proletarização do professor, exercício eminentemente feminino, com caráter de "sagrado", recebendo baixos salários, docentes que atuam sem formação, má qualidade das experiências de aprendizagem com os alunos e descompromisso com a atualização.

Os contextos e as condições de trabalho dos professores nas instituições do ensino superior são muito diferentes quanto às formas de ingresso, aos vínculos, à jornada de trabalho e as compromissos dela derivados. No tocante às condições de trabalho, é certo que são bem diferentes nas diversas instituições. (ANASTACIOU & PIMENTA, 2002:119)

Existem diferenças na contratação do professor nas instituições públicas e privadas. Nas primeiras, os docentes ingressam na universidade por meio de concurso público, já nas particulares isso também acontece, mas além do concurso pode ser através de convite. Geralmente, quando os professores ingressam nos cursos, já encontram as ementas das disciplinas prontas e falta o diálogo com outros professores para criarem maneiras de ensinar em que o aprendizado acontece de modo interdisciplinar.

A profissão de docente exige de seus profissionais flexibilidade e imprevisibilidade para trabalhar com alunos com diferentes pensamentos e com diversas situações do dia-a-dia, por exemplo: saber lidar com o discente trabalhar, com aquele que não se sente estimulado a estudar ou com aquele que apresenta comportamento agressivo, como também cobra-se deles que cumpram funções de família e de outras instâncias sociais, que respondam a necessidade de afeto dos alunos, que resolvam problemas com drogas, violência e indisciplina. Sendo assim, o docente deve ter também criatividade como forma de solucionar situações difíceis que aparecerão no decorrer de sua prática profissional, é o que chamamos de "jogo de cintura" para com seus alunos.

As novas exigências consistem em um docente que tenha qualificação profissional específica e tenha como prática não somente a docência, mas também a pesquisa, além de saber lidar com as situações adversas do seu cotidiano.

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