quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Serviço Social na Assistência

A assistência social é uma prática muito antiga na humanidade. Segundo Ander (1995: 67,68) ela era desenvolvida nas sociedades primitivas pelas famílias aos mais necessitados que pertencessem a mesma tribo, vínculo afetivo, aos costumes e as crenças. Essa ação estava baseada no pensamento de que os pobres se encontravam nesta condição por serem pecadores e, portanto, recebiam este castigo dos deuses.

Entretanto, com o aparecimento da civilização Cristã durante a Idade Média, a ajuda passa a ser vista como caridade e benevolência, sendo esta um meio de alcançar a vida eterna. De acordo com Sposati, essa era uma sociedade baseada na assistência de concepção funcionalista que prestava a ajuda sem levar em consideração que tornava os indivíduos cada vez mais dependentes das esmolas.

Essa situação se acentuou com o surgimento do modo de produção capitalista. Com o capitalismo, houve o aumento da pobreza, a exploração da força de trabalho e a busca incansável pelo lucro. Tais aspectos constituíram a sociedade em classes: classe dominante ou burguesa e classe dominada ou de trabalhadores. A partir daí, com o crescimento da questão social, a Igreja e a sociedade civil eram chamadas para lidar com essa situação, já que a assistência era ligada à Igreja Católica.

Posteriormente, no decorrer do século XIX, um novo modelo de Estado passa a vigorar: Estado Mínimo. Esse modelo estatal surge no auge do capitalismo liberal, caracterizado pelo não investimento de recursos para as camadas pobres da sociedade nem mesmo a garantia de medidas de proteção social, assim a assistência não era vista como um direito. Contudo, como a sociedade está em constante evolução, esse modelo estatal tem fim e em seu lugar aparece o Estado de Bem Estar Social com a finalidade de intervir nas desigualdades sociais, oportunizando as pessoas o acesso a certos serviços e benefícios mínimos.


No entanto, na década de 1960, o Estado de Bem Estar Social encontra-se em crise por não conseguir atender ao mercado econômico ao fazer poucas arrecadações, sendo marcado por uma crise fiscal. O Estado de Bem Estar Social deixa de existir e passa a ser Estado Neoliberal. Com a política neoliberal, a assistência passa a ser uma política de caráter seletivo, onde os indivíduos devem comprovar sua necessidade e encaixar-se no perfil de desassistido.

Diante dessas mudanças de modelos de estados e modos como a assistência é entendida e colocada em prática, o profissional que passa a trabalhar por essa política, assim concebida pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), é o assistente social. Assim em seu artigo 1º defini a Assistência Social como direito do cidadão e dever do Estado. A partir dessa nova concepção, a intervenção dos assistentes sociais, segundo Silva, será sob uma demanda cotidiana caracterizada pela população excluída de direitos básicos.

Os assistentes sociais além da Constituição Federal, contam com a LOAS, acima citada, com o SUAS – Sistema Único de Assistência Social, e demais políticas públicas voltadas para assegurar os direitos dos cidadãos. Mesmo tendo esses instrumentos que começam a ser vistos desde sua formação profissional até a sua atuação, percebe-se que:


(...) falta de sistematização da prática cotidiana dos profissionais, a não utilização constante de um referencial teórico e a insuficiência de fundamentação a essas práticas, que legitimam uma ação profissional, especificamente na assistência social, levam a desqualificação da atuação e, consequentemente, à falta de consistência necessária à produção de novas práticas e do conhecimento. (SILVA, 1998)

Essa é uma análise feita por Silva que demonstra as fragilidades da atuação do assistente social. Mesmo com essa realidade, pode ser observado que temos profissionais que atuam em diversas demandas, tais como: “(...) alfabetiza adultos, protege testemunhas, defende os direitos humanos e a cidadania, atende suicidas, adolescentes grávidas, órfãos, combate a violência, cria empreendimentos autogestionados, cuida de creches, de atendimento médico domiciliar” (YAZBEK), dentre outras ações que fazem parte da área da Assistência Social.
ANDER-EGG, Ezequiel. Introdução ao Trabalho Social. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995.

SPOSATI, Aldaíza de Oliveira. Carta-Tema: A Assistência Social no Brasil 1983-1990. São Paulo: Cortez, 1993.
SILVA, Jaqueline Oliveira (Org.) Práticas do Serviço Social: espaços tradicionais e emergentes. Porto Alegre: Dacasa Editora, 1995.
YAZBEK, Maria Carmelita. A Assistência Social na prática profissional: histórias e perspectivas. In: Revista Serviço Social & Sociedade nº 85, São Paulo: Cortez, março de 2006
Lei Orgânica da Assistência Social

Responsabilidade Social na Empresa e o Papel do Assistente Social na Empresa

A origem da palavra Responsabilidade Social remonta ao final do século XIX e início do século XX tendo como um dos pioneiros Andrew Carnegie. Entretanto, segundo Alves (2003), o termo só ficou conhecido muito tempo depois, mais precisamente a partir dos anos 1960 nos Estados Unidos e na Europa, e no final dos anos 1970 e começo dos anos 1980 no Brasil. Mesmo tendo surgido há muito tempo, o termo Responsabilidade Social não possui uma única definição.

Para muitos autores, a melhor definição está relacionada à postura direcionada para “fazer o bem”. Daí, algumas definições estão ligadas a ideia do compromisso social, de contribuir para o desenvolvimento social, à preservação do meio ambiente e ao dever ético da empresa em assegurar a transparência em seus negócios. Para Duarte & Dias (1986), essa variedade de significação é justificada pelo fato do termo Responsabilidade Social não ser um conceito exato, provocando várias definições para uma mesma palavra.

De acordo com Ferrel (2000), Responsabilidade Social refere-se à obrigação que a empresa assume com a sociedade. No entanto, para se atingir tal objetivo, ele a divide em quatro tipos: econômica, legal, filantrópica e ética. A responsabilidade econômica da empresa está relacionada com a produção de bens e serviços dos quais a sociedade necessita. A responsabilidade legal diz respeito às leis que as empresas têm de cumprir. A responsabilidade filantrópica refere-se ao comportamento e às atividades da empresa desejados pela sociedade e ditados pelos princípios e valores da empresa. Já a responsabilidade ética relaciona-se com a conduta ética da empresa esperada pela sociedade. Tal conduta deve estar baseada em ações que beneficiem um grande número de pessoas, mas levando em consideração os direitos individuais para que haja justa distribuição de benefícios e responsabilidades.

Diante de tantas definições para Responsabilidade Social surge a pergunta: o que é então uma empresa socialmente responsável? Segundo Grajew (2002), uma empresa socialmente responsável é aquela que patrocina e investe em projetos sociais, age de modo transparente em sua administração, preocupa-se com os funcionários, com o cuidado do meio ambiente, respeita à diversidade étnica e de gênero. Enfim, é aquela que investe no social: escolhe uma causa social e desenvolve ações, direta ou indiretamente, por meio de parcerias com outras instituições no local onde estão instaladas.

Ao contrário das empresas socialmente responsáveis, as empresas socialmente sustentáveis além de desenvolverem ações sociais, terem gestão transparente, preocupação com o bem-estar de seus funcionários e cuidado com o meio ambiente, a sua ação não se restringe a apenas ao local onde estão instaladas, a sua atuação está atrelada às políticas públicas tendo como parceiros outras empresas, o governo e entidades sociais.

Para entender melhor a diferença entre os tipos de gestão, Brennand & Neto sugerem os seguintes exemplos: empresa socialmente responsável desenvolve suas ações através de prestação de serviços, construção de novas instalações, compra de bens, equipamentos, distribuição de remédios, medicamentos, merenda escolar, realização de campanhas e outros; a empresa socialmente sustentável desenvolve atividades de caráter global tais como o combate à fome, à pobreza e ao desemprego, suas ações envolvem estratégias de inclusão social como educação, empregabilidade, capacitação, concessão de créditos, dentre outros.

O que se pode observar é que o social torna-se um componente diferencial que gera competitividade nos negócios, utiliza-se da gestão ética de suas marcas e os benefícios do marketing social que faz surgir uma nova tendência de “conscientização social dos consumidores”. Segundo BRENNAND & NETO, o novo consumidor é o principal agente de transformação social das empresas: seus anseios, atitudes e, principalmente, o seu nível de conscientização são os fatores geradores da mudança no papel social das empresas.

Para isso faz-se necessário a criação de empregos, o pagamento dos impostos, remunerar bem seus funcionários e parceiros, cumprir e honrar os compromissos, fabricar produtos corretos, usar tecnologia limpa, prestar serviços de conveniência, manter uma boa imagem institucional, evitar manipulações, mas também adotar práticas éticas de gestão e contribuir para a construção de uma sociedade melhor, dentre outros.

Percebe-se que as empresas socialmente responsáveis/sustentáveis causam impacto no consumo, pois, de acordo com o site do Instituto Akatu, demonstra um novo modo de consumo: o consumo consciente, onde comprar é um ato de cidadania, já que o consumidor considera o impacto da sua compra e uso de produtos e serviços sobre a sociedade e o meio ambiente. Isto é, o consumidor consciente reflete a respeito de seus atos de consumo e como eles irão repercutir não só sobre si mesmo, mas também sobre as relações sociais, a economia e a natureza.

Além do impacto da responsabilidade social no consumo, observa-se a responsabilidade social como uma estratégia de relacionamento e desenvolvimento com os funcionários. As empresas desenvolvem ações de capacitação, treinamento e desenvolvimento pessoal com programas realizados em diversos níveis (gerencial, técnico, administrativo e operacional), estes programas são direcionados para a formação e o aperfeiçoamento dos seus funcionários com concessão de bolsas de estudos, cursos de especialização, cursos de extensão, cursos de pós-graduação lato sensu e strictu sensu, seminários, workshops e reuniões; ações de pesquisa e participação onde os funcionários participam da pesquisa, fazendo críticas e apresentando sugestões de melhorias; ações de voluntariado, que representa o envolvimento direto dos funcionários nas atividades e nos projetos sociais da empresa; ações de melhoria de qualidade de vida e de bem-estar dos funcionários e ações éticas em relação à gestão de pessoas que compreendem as políticas de seleção, contratação, remuneração direta e indireta, avaliação de desempenho e outros incentivos.

Essas estratégias fazem parte do que pode ser chamado de responsabilidade social corporativa. Segundo Shommer (2000) e Shommer, Rocha, Fischer (1999), o conceito de responsabilidade social corporativa parte do princípio de que a atividade empresarial contempla compromissos com toda a cadeia produtiva da empresa, como, por exemplo: clientes, funcionários e fornecedores, bem como as comunidades, o ambiente e a sociedade (SHOMMER, ROCHA, FISCHER, 1999, apud KRAEMER).

E nesse relacionamento empresa-colaborador, surgem diversos fenômenos dessa interação que nada mais são do que os reflexos das relações de produção entre aqueles que detêm a prioridade dos meios de produção e os que não detêm, sendo considerados objetivos de intervenção do serviço social da empresa. É certo que a prática do serviço social na instituição, acompanhou a transformação histórica e estrutural tanto da sociedade quanto a do fazer profissional, que resulta em ações conjuntivas e sujeitos sociais. Entretanto, o assistente social ainda desenvolve na empresa um papel dual, que tenta atender as expectativas da empresa, esperando a satisfação do empregado no trabalho realizado. O serviço social atua como canal de comunicação entre os desejos da empresa e os anseios dos colaboradores.

Atualmente vem ganhado espaço ao trabalhar as necessidades de seus usuários, levando-os a refletir sobre as suas condições sociais e econômicas, apontando as necessidades da empresa e o que ambos alcançarão ao trabalharem de acordo para atingir um mesmo objetivo. O trabalho do profissional de serviço social vai desde a identificação das necessidades ao planejamento e execução de projetos sociais dentro das empresas.

A prática profissional é requisitada pela empresa para valorizar o homem no seu trabalho e satisfazer as necessidades humanas, visando o bem-estar do mesmo enquanto elemento produtivo, desenvolvendo um trabalho de cunho assistencial e educativo junto ao empregado e a família, com intuito de responder aos problemas sociais do trabalhador.

Conclui-se que o serviço social tem o objetivo de humanizar as contradições de trabalho dentro da empresa, na medida em que propicia ao colaborador maneiras de suprir suas necessidades básicas, que na verdade são da própria instituição, para que dessa forma as condições de índice de abstinência sejam baixas, uma vez que a infra-estrutura ofereça condições satisfatórias de suas necessidades através de programas desenvolvidos para o bem-estar social destes colaboradores.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
BRENNAND, Jorgiana Melo & NETO, Francisco Paulo de Melo. Empresas Socialmente Sustentáveis: O Novo Desafio da Gestão Moderna. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.

GRAJEW, O. Responsabilidade Social deve ser levada a sério. Valor Econômico, 3/9/2002, p. A-12.

FRAEDRICH, J. & FERREL L. Ética Empresarial: Dilemas, Tomadas de Decisões e Casos. 4ª ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2000.

ALVES, E.A. Dimensões da Responsabilidade Social da empresa: uma abordagem desenvolvida a partir da visão de Bowen. In: Revista de Administração da Universidade de São Paulo, vol. 38, nº1, fevereiro e março/2003, p. 37-45.

DUARTE, G.D. & DIAS, J. M. M. Responsabilidade Social: A Empresa Hoje. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1986.